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segunda-feira, 28 de março de 2011

Brasil muda de rumo, vota contra Irã na ONU e irrita regime dos aiatolás.

Ministério Igreja Sem Fronteiras
Departamento de Unidade Cristã
Grupo de Acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos da ONU

     Caros Irmãos,

     O Ministério Igreja Sem Fronteiras aplaude a iniciativa do Governo Brasileiro em tomar posição contrária aos países que violam direitos humanos.
     É conhecido que o Irã adota certas atitudes e procedimentos que afrontam, de longe, a visão cristã: intolerância religiosa e apedrejamentos, por exemplo.
     Torcemos que, conforme declaração do embaixador do Irã na ONU, essa posição não tenha sido apenas para agradar aos EUA, e que o Brasil possa também se manifestar contra os abusos cometidos por esse país nessas questões.
     Boa leitura!

Brasil muda de rumo, vota contra o Irã na ONU e irrita regime dos aiatolás

     Após dez anos de atuação diplomática que poupou Teerã de censura em fóruns internacionais sobre direitos humanos, país dá sinal de que o Itamaraty agirá com menos condescendência em relação a Estados que promovam violações de garantias individuais.

     25 de março de 2011 / 0h 00

     Marcando uma mudança importante na atuação da diplomacia brasileira, a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU votou ontem em favor de uma proposta, patrocinada por EUA e Europa, que determina o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. O regime iraniano reagiu irritado.
     A diplomacia iraniana acusou o país de “dobrar-se” à pressão dos EUA e insinuou uma traição. Argélia, Paquistão e outros países islâmicos também atacaram a posição brasileira. A nova posição do Brasil – antecipada na véspera pelo Estado -, que nos últimos dez anos havia poupado o regime iraniano de censura em fóruns internacionais, foi comemorada por ONGs e países ocidentais. A proposta foi aprovada com 22 votos a favor e 7 contra, com 14 abstenções. Entre os aliados do Irã estavam Cuba, China e Paquistão. A esperança de Teerã era de que o governo brasileiro se abstivesse, repetindo o padrão de votação durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva – que havia buscado intensificar a aproximação com o Irã para se apresentar até mesmo como mediador na questão nuclear entre Teerã e Washington.
     Ontem, o mal-estar na relação com o Irã ficou explícito. “É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição”, afirmou o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. “Não esperávamos isso do Brasil”, disse.
     Na segunda-feira, um dia depois da saída de Barack Obama do Brasil, o iraniano pediu uma reunião com a missão brasileira em Genebra, justamente para pressionar por uma mudança de posição. Seu recado foi de que Brasília não poderia fazer parte da campanha americana. Mas não foi ouvido.
     Em seu discurso ontem à ONU, Sajjadi acusou a resolução de fazer parte de uma “campanha política organizada pelos EUA”. “Mais uma vez, o tema de direitos humanos tem sido manipulado para defender os interesses de alguns”, alertou. Segundo ele, são os EUA os maiores responsáveis por violações no mundo, citando o apoio a Israel, guerras no Iraque e Afeganistão e prisões secretas pelo mundo. “Queremos manter o diálogo e esperávamos que a ONU fosse o lugar para isso. No Irã, estamos trabalhando pelos direitos da população e isso tem florescido”, alegou, contradizendo o relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon que aponta que a repressão tem sofrido uma alta preocupante no Irã.
     Questionado se a relação comercial com o Brasil e a eventual participação na negociação nuclear seria afetada, o embaixador não foi otimista. “Isso é o que teremos de ver agora”, alertou.
     A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Azevedo, minimizava o voto e se esforçava para convencer de que o voto não era contra o Irã, nem uma admissão dos erros do governo Lula. “È um voto a favor do sistema, não é um voto que é contra o Irã”, disse. Segundo ela, o voto é ainda “coerente” com as posições que o país tem defendido na ONU. “Estamos dizendo a todos os países da ONU que a abertura para o sistema, receber visitas e dialogar é importante”, apontou. Para ela, o governo Dilma insistirá que todos os países terão de ter um mesmo tratamento.
     Mahmoud Ahmadinejad mantinha uma relação com o Brasil como prova de que nem todo o mundo ocidental e democrática era contra o Irã. Mas nos primeiros dias do governo de Dilma – que em declarações públicas e entrevistas posicionou-se de forma contrária à sentença de apedrejamento da prisioneira iraniana Sakineh Ashtiani e deixou claro que não transigiria em temas de direitos humanos -, os iranianos já haviam se mostrado irritados com a presidente. Há um mês, em entrevista ao Estado, o chanceler iraniano confirmou atritos na relação bilateral.
     Ontem, Mohammad Reza Ghaebi, negociador iraniano para temas de direitos humanos, foi ainda mais duro: “Neste momento que o Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos EUA”, acusou. “É lamentável. Era uma questão de princípios”, afirmou.
     Orientado pessoalmente pela presidente, a ordem do Itamaraty era a de mostrar que o Brasil terá uma nova posição sobre direitos humanos. Outra constatação do país foi de que as oportunidades já foram dadas ao Irã por anos e Teerã não as aproveitou.
     Do lado iraniano, porém, o sentimento de traição não vem por acaso. Na última década, o governo brasileiro se absteve ou votou contra todas as resoluções que condenavam o Irã. No ano passado, o Brasil foi um dos dois únicos países a não apoiar sanções contra Teerã por seguir com seu programa nuclear. No final de 2010, o Brasil absteve-se numa resolução que condenava o apedrejamento no Irã. Na ocasião, o ex-chanceler Celso Amorim alegou que “não votaria para agradar à imprensa”. Ontem, apenas ditaduras votaram em favor do Irã.
     Países islãmicos, que durante o governo Lula foram poupados de críticas por parte do Itamaraty, também não economizaram críticas ao Brasil. “O novo governo brasileiro está votando para agradar à opinião pública interna e ao Ocidente, não para mudar a vida dos iranianos”, afirmou o embaixador da Argélia na ONU, Idriss Jazairy. Zamir Akram, embaixador do Paquistão na ONU -, falando em nome da Organização da Conferência Islâmica, foi outro que criticou a diplomacia brasileira. “Vimos hoje uma mudança de visão do governo brasileiro”, lamentou.

     Fonte: Jornalo O Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br)

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