Rangers Helped Displaced Villagers in Syria While Turks/FSA Attack Soda Village
24 December 2019
Northeastern Syria
Dear friends,
This video was filmed while we were on mission in Syria in October. My family and I are now back in Burma where we are graduating new relief teams and our Syria FBR team is still providing relief in northeastern Syria.
The Turkish Army and their proxy, the Free Syrian Army, advance has been stopped in Syria but attacks continue and over 200,000 people remain displaced in the invasion zone. The Turkish military is planning on moving in over one million people, many of whom are former ISIS and other jihadis. If this happens, it will complete the ethnic cleansing in the area as Christians and Kurds have been forced to flee.
After missions in Burma, we plan on returning to northeastern Syria to support our team and friends there. Thank you for your prayers and support.
God bless you, Dave, family, and FBR
Rangers ajudaram moradores desabrigados na Síria enquanto turcos / FSA atacam a Soda Village
24 de dezembro de 2019
Síria do nordeste
Caros amigos,
Este vídeo foi filmado enquanto estávamos em missão na Síria em outubro. Agora, minha família e eu estamos de volta à Birmânia, onde estamos formando novas equipes de assistência e nossa equipe da Síria FBR ainda está prestando assistência no nordeste da Síria.
O exército turco e seu procurador, o Exército Livre da Síria, foram interrompidos na Síria, mas os ataques continuam e mais de 200.000 pessoas permanecem deslocadas na zona de invasão. As forças armadas turcas estão planejando transferir mais de um milhão de pessoas, muitas das quais são ex-ISIS e outros jihadistas. Se isso acontecer, completará a limpeza étnica na área, pois cristãos e curdos foram forçados a fugir.
Após as missões na Birmânia, planejamos retornar ao nordeste da Síria para apoiar nossa equipe e amigos. Obrigado por suas orações e apoio.
Deus te abençoê,
Dave, família e FBR Fonte: https://www.freeburmarangers.org
A chegada de um grande grupo de migrantes a um território traz consigo um contingente de capacidades, potencialidades e desafios. Esta é a premissa do “Desenvolve! Integrando territórios”, metodologia elaborada em sua versão piloto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Boa Vista (RR).
Pensado a partir de um conjunto multimídia de plataformas conectadas entre si, o projeto tem por objetivo elaborar planos e estabelecer redes para o desenvolvimento local.
Dois eventos marcaram as atividades realizadas pelo PNUD, CIEDS,
OIM e ENAP em Boa Vista: uma oficina de Ideação Coletiva
realizada em novembro, para construção de ações multisetoriais;
e uma em dezembro com gestores municipais visando a consolidação
das ações desenvolvimento local.
Foto: Julia Matravolgyi
A chegada de um grande grupo de migrantes a um território traz consigo um contingente de capacidades, potencialidades e desafios. Esta é a premissa do “Desenvolve! Integrando territórios”, metodologia elaborada em sua versão piloto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Boa Vista (RR).
Pensado a partir de um conjunto multimídia de plataformas conectadas entre si, o projeto tem por objetivo elaborar planos e estabelecer redes para o desenvolvimento local.
Isso é feito considerando as necessidades e capacidades daqueles que migram, assim como os diferentes problemas e o potencial do território.
A iniciativa é liderada pelo PNUD, em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS); com a Organização Internacional para as Migrações (OIM); e com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).
O “Desenvolve!” é composto de um jogo de tabuleiro, uma plataforma virtual, um aplicativo de mapeamento de capacidades e métodos de dinamização do território.
A proposta foi construída em sua versão piloto a partir de eventos que tiveram a participação de diferentes atores sociais de Boa Vista.
“Acreditamos que a colaboração entre setores e a população é o caminho para potencializar ativos de um território em prol do desenvolvimento de todos que ali habitam”, afirma a gerente de projetos do PNUD, Pollyana Miguel.
Conceitos
O método “Desenvolve!” foi criado com base nos conceitos de desenvolvimento local e territorialização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ambos têm objetivos similares: a implementação de ações voltadas às diferentes dimensões do desenvolvimento, respeitando as necessidades de cada lugar.
“Entender as características de um local antes de implementar uma ação é fundamental para que os ganhos do desenvolvimento sejam uma realidade para todos”, afirma Pollyana.
A partir dos elementos centrais do desenvolvimento humano – o foco nas pessoas e a geração de capacidades e oportunidades –, e de estudos e diagnósticos dos desafios enfrentados nos territórios e pelas populações em situação de migração, foram selecionadas quatro dimensões como pilares da metodologia: inclusão, produtividade, resiliência e governança efetiva.
Sabendo que desafios complexos de gestão exigem soluções bem fundamentadas e direcionadas às reais demandas da população, o projeto prevê diferentes instâncias de participação social e de gerenciamento de dados.
Kit de ferramentas
Para promover a reflexão sobre desafios e capacidades dos territórios, foi criado o jogo de tabuleiro do Desenvolve!.
Inspirado nos jogos RPG (Role-Playing Game ou, em tradução livre, jogo de interpretação de papéis) e nos gamebooks, a “brincadeira” articula a história de vida de personagens de um território imaginário com os desafios relacionados ao crescimento deste local.
É um convite para que “pensar o território” seja algo lúdico e feito em conjunto – o jogo fica melhor quanto mais diferentes forem as pessoas envolvidas em uma mesma partida.
As missões de cada jogador são construídas a partir dos eixos da metodologia (inclusão, produtividade e resiliência e governança efetiva) e envolvem dinâmicas de cooperação, trocas culturais e construção coletiva para objetivos comuns, de modo que não haja um único vencedor.
“Com um território crescendo de forma inclusiva, sustentável, com instituições fortes, infraestrutura resiliente e aumento de produtividade, todos ganham”, explica Pollyana.
Na versão piloto da metodologia Desenvolve!, em Boa Vista, o jogo foi utilizado como forma de atrair a comunidade para o uso da plataforma e do aplicativo de mesmo nome, e como introdução para a participação da população e de gestores públicos nas oficinas de construção coletiva de iniciativas de desenvolvimento local.
As plataformas virtuais do projeto foram pensadas para que cidadãos e gestores possam mapear e priorizar os problemas e capacidades mais relevantes de sua região.
A partir da inserção de dados (feita por parte dos gestores públicos, no caso da plataforma, e pela comunidade, no caso do app) as ferramentas ajudam a traçar rotas de capacidades reais – ou seja, já disponíveis – e ideais, que são aquelas que atenderiam às demandas de determinado local.
A finalidade destas rotas é subsidiar análises do território, por parte de cidadãos e daqueles que pensam políticas e iniciativas para o território.
Oficinas
Dois eventos marcaram as atividades realizadas por PNUD, CIEDS, OIM e ENAP em Boa Vista: uma oficina de Ideação Coletiva realizada em novembro, para construção de ações multisetoriais; e uma em dezembro com gestores municipais visando a consolidação das ações desenvolvimento local.
O primeiro encontro reuniu representantes de governo do estado, gestão municipal, membros de ONGs, cooperativas, lideranças jovens e migrantes, universidades e sociedade civil para jogar uma partida de Desenvolve!, seguida de uma sequência de atividades para pensar soluções para problemas da cidade em grupos.
Para a assessora local do projeto, Anna Clara Monjardim, responsável pela organização e mobilização dos convidados junto à equipe do CIEDS, “mobilizar participantes tão diferentes entre si foi um desafio diante da proposta de reunir pessoas de setores com vários interesses para dialogarem e construírem propostas conjuntas em prol do desenvolvimento”.
Por meio de metodologias como design thinking e gamificação, a oficina foi liderada pelo CIEDS e dividiu os migrantes em grupos para discutir questões identificadas como problemáticas por eles mesmos: entre elas, o bullying nas escolas, a violência de gênero, a falta de conhecimento dos cidadãos sobre gestão pública e a necessidade de capacitação dos jovens profissionais.
“A proposta é permitir que pessoas de várias organizações e origens possam dialogar com igualdade, transferindo diferentes formas de conhecimento”, completa Anna Clara.
A aplicação do jogo Desenvolve! na abertura da Ideação Coletiva visou apoiar a compreensão de conceitos como desenvolvimento humano, inclusão, produtividade de forma que os participantes possam identificar e mapear os problemas locais, suas causas e consequências.
Identificados os problemas, os participantes foram reunidos em grupos para um processo de amadurecimento dos projetos e planejamento de uma iniciativa pensada para ajudar a solucionar o problema levantado pelo grupo. Ao final das atividades, alguns projetos foram escolhidos para terem suas iniciativas financiadas e executadas.
Para a líder da cooperativa de costureiras COOFECS, Maria dos Santos, o evento permitiu a conexão entre participantes com perfis distintos.
“Me senti grata, pois nunca havia feito um atividade em grupo desta forma, foi uma nova oportunidade”, afirma.
“Fizemos um bom trabalho, foi suado; o mais difícil é fazer o planejamento de imediato, colocar no papel tudo aquilo que precisamos. Aqui eu ganhei novas amizades com pessoas que não conhecia, uma parceria na qual vamos juntas até o fim”, diz.
“A metodologia foi capaz de integrar o coletivo”, completa a líder do Núcleo de Mulheres de Roraima, Andrea Vasconcelos.
Os dados, soluções e capacidades levantados durante a Ideação Coletiva foram compartilhados com os gestores municipais na oficina realizada no dia 9 de dezembro.
Os gestores foram convidados a pensar, em grupos que reuniram secretários e técnicos de diferentes áreas, soluções para estas questões capazes de compor um plano de desenvolvimento local, sempre considerando aspectos relativos ao crescimento da cidade, considerando o intenso fluxo migratório.
“Conseguimos planejar de forma intersetorial: reunidos com colegas de diferentes secretarias é possível ter visões diversas da realidade do município para, em seguida, colocar as ideias no papel e estabelecer diretrizes e objetivos”, afirma o técnico da Secretaria de Educação de Boa Vista (SMEC), Alexandre Pereira.
Migração: desafios e oportunidades para o desenvolvimento
O deslocamento de muitas pessoas em direção a um território pode causar impactos que demandam planejamento para gerir os desafios que se apresentam.
Ao mesmo tempo, os fluxos migratórios podem gerar inúmeras oportunidades de transformação positiva e de desenvolvimento do território.
Por isso, a metodologia criada tem a premissa de que não há uma única forma de gerar desenvolvimento: é preciso se adaptar às realidades, tanto do local, como do fluxo migratório, contribuindo da melhor forma para avançar. Para isso, é necessário que se conheça tanto as localidades como os fluxos migratórios ali presentes.
Esta forma de pensar o desenvolvimento e a migração está alinhada aos objetivos da Agenda 2030.
Entre eles, a meta 10.7 (facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável das pessoas, inclusive por meio da implementação de políticas de migração planejadas e bem geridas), que integra o rol de metas do objetivo 10 (reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles), é a que se relaciona de forma mais contundente com a temática.
Além desse, outros objetivos, ainda que não expressos de forma direta, têm uma grande relação com o tema: como os objetivos 8 (promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos) e 16 (promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis).
Na ocasião dos 16 Dias de Ativismo Pela Fim da Violência Contra as Mulheres e do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lança série de reportagens sobre violências contra mulheres e meninas enquanto barreiras para a promoção de direitos.
O Brasil tem uma série de políticas públicas voltadas para o enfrentamento à violência contra as mulheres. Entretanto, o país tem seguido com altas taxas de casos de agressão e feminicídio. Foto: Pixabay (CC)
As mulheres em todo o mundo têm enfrentado desafios para acabar com a violência baseada em gênero. O assassinato da jovem Elitânia de Souza Hora, de 25 anos, mostra o quanto ainda é preciso avançar no tema.
O Relatório de Situação da População Mundial 2019 (SWOP), lançado globalmente pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e intitulado “Um trabalho inacabado: a busca por direitos e escolhas para todos e todas“, apontou que para alcançar o desenvolvimento e para que todas as pessoas desfrutem de direitos, a violência baseada em gênero precisa ser enfrentada.
O documento destacou, por exemplo, que são necessários serviços integrados de saúde, assistência social, atenção psicossocial e emprego para apoiar as mulheres nos processos de autonomia e demais necessidades para viverem de forma segura.
No Brasil, existem muitas políticas públicas voltadas para o enfrentamento às diversas formas de violência contra as mulheres. Entretanto, o país tem seguido com altas taxas de casos de agressão e feminicídio.
De acordo com os dados da 13ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, 1.206 mulheres foram vítimas de feminicídio, sendo 61% de mulheres negras e 52,3% dos assassinatos cometidos por arma de fogo. Em 88,8% dos casos, o autor era o companheiro ou o ex-companheiro da vítima.
No dia 27 de novembro, Elitânia de Souza Hora, estudante de Serviço Social, foi violentamente assassinada a tiros no interior da Bahia, a despeito de uma medida protetiva, em um caso suspeito de feminicídio.
O UNFPA Brasil e a ONU Mulheres lançaram uma nota pública em repúdio ao assassinato e aos casos recorrentes de violência contra as mulheres no Brasil. “Este crime, assim como os muitos feminicídios anteriores que tiraram a vida das mulheres, nos mostram o quão urgente é a necessidade de intensificar esforços e investimentos na prevenção da violência contra as mulheres.”
Tipos de violência e feminicídio
Segundo a deputada estadual baiana Olivia Santana, o Brasil possui uma das melhores legislações do mundo no tema, mas esta precisa ser de fato aplicada.
“A lei precisa funcionar! E isso só pode acontecer se o Sistema de Justiça estiver funcionando a favor das mulheres”, enfatizou, ao criticar o que chama de “supremacia do homem em relação às mulheres”.
“É ódio. A violência contra a mulher em um grau extremo é originária de uma ideologia patriarcal. A mulher morre por ser mulher e sofre todos os tipos de agressão (simbólica, psicológica, física, moral) até chegar a letal, que tira a vida”, declarou.
A presidente da Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Bahia ressaltou ainda que todas as questões referentes às violências de gênero perpassam por um elemento chave: a liberdade.
“A violência contra as mulheres é um empecilho à liberdade, à autonomia e aos direitos sexuais e reprodutivos. Como uma mulher que sofre perseguição, violência, machismo, pode assumir a atitude de saber planejar sua família, de poder definir quando vai ter um filho, ou quantos filhos terá e se terá? Se tem o direito de dizer que não quer engravidar, ou de acesso aos métodos contraceptivos?”, questionou.
Segundo Maria Jose de Oliveira Araújo, da Rede Feminista de Saúde, do Global Doctor for Choice – Brasil e do GT-FEM (Grupo de Trabalho sobre Feminicídio), as mulheres que sofrem violência permanente têm baixa autoestima, não procuram serviços de saúde, não se previnem de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), não fazem uso de métodos contraceptivos e, se gestantes, acessam menos consultas de pré-natal.
“Há ainda a questão da saúde mental, sobretudo de adolescentes que cometem suicídio por causa de violência doméstica, especialmente ao engravidar do agressor, sobretudo quando este é da família”, contou. “Precisamos que a Lei Maria da Penha seja cumprida, as delegacias da mulher e os abrigos funcionem de forma adequada e os equipamentos estejam, sobretudo, nas periferias.”
Já a médica geriatra e atual secretaria de políticas para as mulheres do estado da Bahia (SPM-BA), Julieta Palmeira, enfatizou que os marcos legais da Lei Maria da Penha, de 2006, e da Lei do Feminicídio, de 2015, explicitam o feminicídio como a morte de mulheres pela sua condição de mulher.
“Uma das violações frequentes é o feminicídio íntimo perpetrado por pessoas mais próximas à vítima. Mas também acontece em situações de tráfico de pessoas, de menosprezo ou discriminação pela condição de ser mulher.”
A SPM-BA possui diversas campanhas no sentido de alertar a população quanto à violência de gênero, como as campanhas Respeita As Minas e Masculinidade Tóxica – estratégias que a secretaria compartilha com o UNFPA.
“À mulher, e somente a ela, cabe a decisão de parir, mas não é isso que vemos. Há assédio e cultura de estupro. Há casamentos determinados pelos pais e/ou gravidez na adolescência. Questões que nos alertam sobre a necessidade de garantir os direitos sexuais e direitos reprodutivos em todos os ciclos de vida. Falta de informação e determinantes econômicos e sociais geram violação de direitos”, concluiu Julieta Palmeira.
Denuncie!
Denuncie a violência nas delegacias especializadas. Caso não tenha no território, busque uma delegacia comum e registre a queixa. A denúncia pode ser realizada também pelo número 180.
As mulheres podem procurar os Centros de Referência em Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (CRAM) que dispõem de atendimento multiprofissional.
Caso não tenha no território, busque um CRAS – Centro de Referência de Assistência Social; As mulheres em localidades e povoados devem realizar a denúncia em uma unidade móvel de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência.
Em evento comemorativo aos 10 anos do mandato do Conselho de Segurança para ajudar a prevenir violência sexual em conflito, a ONU lançou um fundo global para vítimas. A cerimônia aconteceu na sede da ONU nesta quarta-feira (30), em Nova Iorque.
Os vencedores do prêmio Nobel da Paz Nadia Murad e Dennis Mukwege participaram no evento. Nadia foi a primeira vítima de tráfico a servir como embaixadora da Boa Vontade da ONU, depois de ter sido sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Dennis Mukwege é um médico congolês que se especializou no tratamento de mulheres violadas por milícias durante a guerra civil.
Naledi Pandor, ministra da África do Sul, Nadia Murad, Nobel da Paz, Pramila Patten, representante especial do secretário-geral para violência sexual em conflito, e Denis Mukwege, Nobel da Paz. Foto: Mark Garten/ONU
Em evento comemorativo aos 10 anos do mandato do Conselho de Segurança para ajudar a prevenir violência sexual em conflito, a ONU lançou um fundo global para vítimas. A cerimônia aconteceu na sede da ONU nesta quarta-feira (30), em Nova Iorque, e contou com a participação de autoridades e vencedores do prêmio Nobel da Paz.
A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, afirmou que o mandato para o tema é uma mensagem clara de que a violência sexual durante períodos de turbulência e conflito não é um efeito colateral inevitável, mas uma violação horrenda de direitos humanos e legislação internacional. Ela disse que a comunidade internacional intensificou o ativismo e a ação para acabar com estupros em tempos de guerra e a estigmatização dos sobreviventes, que são ameaças para a segurança e a paz inclusiva.
Amina lembrou que nos últimos anos a ONU respondeu às demandas das vítimas e sobreviventes criando normativos globais e uma série de arranjos institucionais, através de resoluções do Conselho, mecanismos investigativos e o estabelecimento de um escritório de representante Especial para Violência Sexual e Conflito, hoje ocupado por Pramila Patten.
“Reparações são o que as pessoas sobreviventes mais querem e o que menos recebem. No início de uma nova década para este mandato, é hora de atender a estas demandas e colocar estas pessoas em primeiro lugar”, afirmou Pramila. Ela reforçou que uma resposta centrada nos sobreviventes e baseada em direitos representa, em resumo, “o simples milagre de uma vida normal”.
A ministra de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Nadeli Pandor, pediu uma abordagem multidisciplinar e multisetorial para proteger os mais vulneráveis, tanto em tempos de conflito quanto em períodos de paz. O país apoiou a realização do evento.
Os vencedores do prêmio Nobel da Paz Nadia Murad e Dennis Mukwege também participaram no evento. Nadia foi a primeira vítima de tráfico a servir como embaixadora da Boa Vontade da ONU, depois de ter sido sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Dennis Mukwege é um médico congolês que se especializou no tratamento de mulheres violadas por milícias durante a guerra civil.
A relatora especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, Tendayi Achiume, apresentou relatório à Assembleia Geral pedindo reparações por discriminação racial como forma essencial de cumprimento dos direitos humanos.
Achiume afirmou que racismo e discriminação são inseparáveis de suas raízes históricas e defendeu que países que tiveram colônias ou escravos devem aceitar que têm obrigações e responsabilidades, incluindo o pagamento de indenizações às vítimas e seus descendentes.
Para ela, a maior barreira às reparações por colonialismo e pela escravidão é falta de vontade política e coragem moral.
Relatora especial da ONU sobre raciscmo, Rendayi Achiume – Foto: Manuel Elias/ONU
A relatora especial das Nações Unidas sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata, Tendayi Achiume, apresentou relatório à Assembleia Geral pedindo reparações por discriminação racial como forma essencial de cumprimento dos direitos humanos. Para ela, a maior barreira às reparações por colonialismo e pela escravidão é falta de vontade política e coragem moral.
Achiume afirmou que racismo e discriminação são inseparáveis de suas raízes históricas e defendeu que países que tiveram colônias ou escravos devem aceitar que têm obrigações e responsabilidades, incluindo o pagamento de indenizações às vítimas e seus descendentes. A especialista em direitos humanos afirma que as reparações são um aspecto vital da ordem global que está comprometida com a dignidade de todos, independentemente da etnia ou da origem.
Segundo Achiume, a escravidão e o colonialismo “alocavam direitos e privilégios numa base racial e com isso consolidavam as desigualdades econômicas, sociais e políticas ao longo da linha racial.” Ela afirmou que a abolição formal da escravidão não foi suficiente para desfazer desigualdades raciais cristalizadas ao longo dos séculos.
“Até o momento, os indivíduos que mais se beneficiaram de reparações relacionadas ao fim da escravidão foram justamente os agressores e seus descendentes, ou seja, famílias que possuíam escravos e seus descendentes”, disse a relatora independente, ressaltando que descendentes de escravos não são ouvidos e, em alguns casos, sofrem difamação.
Os relatores independentes trabalham de forma voluntária e individual, não são funcionários da ONU nem recebem salário pelo seu trabalho na organização.
Cerca de 900 a 1.200 pessoas chegam ao campo de Bardarash, no Iraque, por dia, relatou a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Segundo oficiais da agência, é provável que o campo atinja sua capacidade máxima nesta semana.
Para lidar com o fluxo contínuo, autoridades regionais curdas estão planejando abrir mais campos. O ACNUR está registrando todos os recém-chegados e, juntamente com seus parceiros, fornece serviços de saúde e proteção, incluindo apoio psicossocial e serviços específicos para crianças desacompanhadas e pessoas com necessidades específicas.
À medida que o número de sírios que fogem do nordeste do país rumo ao Iraque chega a 10 mil, recém-chegada conta sobre o que viu no caminho e sobre o medo do inverno que se aproxima. A reportagem é do ACNUR.
Quando finalmente chegou ao campo de Bardarash, perto de Duhok, no Iraque, desembarcando de um comboio de ônibus com centenas de refugiados recém-chegados do nordeste da Síria, Amina, uma senhora de 64 anos, estava exausta. No caminho, ela teve que realizar uma caminhada de várias horas para atravessar a fronteira com a região do Curdistão e chegar ao Iraque em segurança.
Mas como a maioria dos 8.400 refugiados sírios que chegaram ao campo nos últimos dez dias, seu desconforto físico foi ofuscado pela angústia psicológica de ser forçada a deixar sua casa.
“Não paramos de chorar desde que chegamos aqui ontem”, disse Amina sentada em uma das milhares de tendas erguidas para oferecer abrigo aos refugiados.
“Nossa situação é ruim aqui. Nós morávamos em uma casa limpa e grande. Não pode ser comparado a viver aqui. É muito difícil”, relatou a senhora.
Ataques no nordeste da Síria obrigam milhares de pessoas a se deslocar
Amina (64 anos), de Malikiyah, no nordeste da Síria, sentada em sua barraca no campo de refugiados de Bardarash. Foto: ACNUR | Rasheed Hussein Rasheed.
Amina deixou sua cidade natal, Al-Malikiyah, no extremo nordeste da Síria, perto das fronteiras da Turquia e do Iraque, com duas filhas e outros membros de sua família depois de testemunhar ataques aéreos perto de sua casa.
Eles deixaram o país com receio dos combates se intensificarem e para evitar um possível recrutamento de membros do sexo masculino de sua família pelos guerrilheiros.
Segundo ela, a rota por onde passaram estava lotada de pessoas partindo do nordeste da Síria rumo à fronteira para escapar dos recentes combates e da ameaça de mais conflitos.
“A estrada estava superlotada. Todo mundo estava fugindo, ninguém queria ficar”, disse Amina.
“Vi uma mulher andando com seus dois filhos enquanto segurava o filho bebê nos braços. Também havia pessoas idosas. Você sabe como fica quando muitas pessoas fogem ao mesmo tempo”, relatou a senhora.
Como todos os que chegam ao acampamento de Bardarash, Amina e sua família receberam uma barraca, cobertores, colchões e outros itens essenciais para viver.
Atuando na resposta humanitária no Iraque
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está registrando todos os recém-chegados e, juntamente com seus parceiros, fornece serviços de saúde e proteção, incluindo apoio psicossocial e serviços específicos para crianças desacompanhadas e pessoas com necessidades específicas.
Dos mais de 10.000 refugiados sírios que cruzaram a fronteira síria em direção ao norte do Iraque desde segunda-feira (14), mais de 70% são mulheres e crianças, apontou o ACNUR.
Enquanto a maioria está abrigada no campo de Bardarash, aqueles com parentes que vivem na região estão gradualmente sendo autorizados a deixar o acampamento e se juntar a suas famílias.
Números aumentam e refugiados temem o inverno
Com a chegada de cerca de 900 a 1.200 pessoas por dia, é provável que o campo de Bardarash atinja sua capacidade máxima nesta semana, apontaram oficiais do ACNUR.
Para lidar com o fluxo contínuo, as autoridades regionais curdas estão planejando abrir mais campos.
Dados da ONU divulgados na última terça-feira (22) apontam que além das milhares de pessoas que cruzaram a fronteira em direção ao Iraque contabilizadas desde o início da Operação Primavera da Paz, que começou no dia 9 de outubro, há cerca de 180.000 – dentre elas, aproximadamente 80.000 crianças – que se deslocaram internamente na região.
Sentada em sua tenda, cercada pelos poucos itens que agora possui, Amina expressou sua esperança em ver o fim dos combates e ter chance de voltar para casa. A senhora teme viver sob uma lona durante o inverno que se aproxima.
“Se chover, a situação vai piorar. Espero que a água não entre na minha tenda”, comentou.
“Queremos que esta guerra pare. Isto não é uma vida. Somos humanos e queremos permanecer pacificamente em nossa pátria”, concluiu Amina.