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terça-feira, 29 de outubro de 2019

“Isso não é vida”, senhora de 64 anos relata momentos de angústia ao escapar dos conflitos no nordeste da Síria.

Cerca de 900 a 1.200 pessoas chegam ao campo de Bardarash, no Iraque, por dia, relatou a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Segundo oficiais da agência, é provável que o campo atinja sua capacidade máxima nesta semana.
Para lidar com o fluxo contínuo, autoridades regionais curdas estão planejando abrir mais campos. O ACNUR está registrando todos os recém-chegados e, juntamente com seus parceiros, fornece serviços de saúde e proteção, incluindo apoio psicossocial e serviços específicos para crianças desacompanhadas e pessoas com necessidades específicas.
À medida que o número de sírios que fogem do nordeste do país rumo ao Iraque chega a 10 mil, recém-chegada conta sobre o que viu no caminho e sobre o medo do inverno que se aproxima. A reportagem é do ACNUR.
Quando finalmente chegou ao campo de Bardarash, perto de Duhok, no Iraque, desembarcando de um comboio de ônibus com centenas de refugiados recém-chegados do nordeste da Síria, Amina, uma senhora de 64 anos, estava exausta. No caminho, ela teve que realizar uma caminhada de várias horas para atravessar a fronteira com a região do Curdistão e chegar ao Iraque em segurança.
Mas como a maioria dos 8.400 refugiados sírios que chegaram ao campo nos últimos dez dias, seu desconforto físico foi ofuscado pela angústia psicológica de ser forçada a deixar sua casa.
“Não paramos de chorar desde que chegamos aqui ontem”, disse Amina sentada em uma das milhares de tendas erguidas para oferecer abrigo aos refugiados.
“Nossa situação é ruim aqui. Nós morávamos em uma casa limpa e grande. Não pode ser comparado a viver aqui. É muito difícil”, relatou a senhora.
Ataques no nordeste da Síria obrigam milhares de pessoas a se deslocar
Amina (64 anos), de MAmina (64 anos), de Malikiyah, no nordeste da Síria, sentada em sua barraca no campo de refugiados de Bardarash. Foto: ACNUR | Rasheed Hussein Rasheed.alikiyah, no nordeste da Síria, sentada em sua barraca no campo de refugiados de Bardarash. Foto: ACNUR | Rasheed Hussein Rasheed.

Amina deixou sua cidade natal, Al-Malikiyah, no extremo nordeste da Síria, perto das fronteiras da Turquia e do Iraque, com duas filhas e outros membros de sua família depois de testemunhar ataques aéreos perto de sua casa.
Eles deixaram o país com receio dos combates se intensificarem e para evitar um possível recrutamento de membros do sexo masculino de sua família pelos guerrilheiros.
Segundo ela, a rota por onde passaram estava lotada de pessoas partindo do nordeste da Síria rumo à fronteira para escapar dos recentes combates e da ameaça de mais conflitos.
“A estrada estava superlotada. Todo mundo estava fugindo, ninguém queria ficar”, disse Amina.
“Vi uma mulher andando com seus dois filhos enquanto segurava o filho bebê nos braços. Também havia pessoas idosas. Você sabe como fica quando muitas pessoas fogem ao mesmo tempo”, relatou a senhora.
Como todos os que chegam ao acampamento de Bardarash, Amina e sua família receberam uma barraca, cobertores, colchões e outros itens essenciais para viver.

Atuando na resposta humanitária no Iraque

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está registrando todos os recém-chegados e, juntamente com seus parceiros, fornece serviços de saúde e proteção, incluindo apoio psicossocial e serviços específicos para crianças desacompanhadas e pessoas com necessidades específicas.
Dos mais de 10.000 refugiados sírios que cruzaram a fronteira síria em direção ao norte do Iraque desde segunda-feira (14), mais de 70% são mulheres e crianças, apontou o ACNUR.
Enquanto a maioria está abrigada no campo de Bardarash, aqueles com parentes que vivem na região estão gradualmente sendo autorizados a deixar o acampamento e se juntar a suas famílias.

Números aumentam e refugiados temem o inverno

Com a chegada de cerca de 900 a 1.200 pessoas por dia, é provável que o campo de Bardarash atinja sua capacidade máxima nesta semana, apontaram oficiais do ACNUR.
Para lidar com o fluxo contínuo, as autoridades regionais curdas estão planejando abrir mais campos.
Dados da ONU divulgados na última terça-feira (22) apontam que além das milhares de pessoas que cruzaram a fronteira em direção ao Iraque contabilizadas desde o início da Operação Primavera da Paz, que começou no dia 9 de outubro, há cerca de 180.000 – dentre elas, aproximadamente 80.000 crianças – que se deslocaram internamente na região.
Sentada em sua tenda, cercada pelos poucos itens que agora possui, Amina expressou sua esperança em ver o fim dos combates e ter chance de voltar para casa. A senhora teme viver sob uma lona durante o inverno que se aproxima.
“Se chover, a situação vai piorar. Espero que a água não entre na minha tenda”, comentou.
“Queremos que esta guerra pare. Isto não é uma vida. Somos humanos e queremos permanecer pacificamente em nossa pátria”, concluiu Amina.
Fonte: https://nacoesunidas.org


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