Visitantes:

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mudança de sexo e salvacao pela fé.

Sexta-feira, Maio 06, 2011

Por Marcelo Lemos

“Reverendo, gostaria de saber se uma pessoa que fez uma mudança de sexo pode ser salvo? Ela pode está entre os eleitos de Deus?”.

Caro Felipe, uma pessoa que fez mudança de sexo pode ser salva sim, desde que ressalvadas algumas condições bíblicas. Mas, antes de prosseguirmos é preciso lembrar que existem, basicamente, dois motivos para alguém fazer esse tipo de cirurgia. Uma é biológica, outra, psicológica. Nos dois casos a pessoa pode ser parte dos Eleitos de Deus.

Mudança de sexo por necessidade biológica. Algumas pessoas nascem com genitália ambígua e precisam de intervenção cirúrgica para a devida correção. Não sou autoridade no assunto, mas já presenciei um caso próximo da nossa família onde se constatou que não haveria grandes dificuldades com o processo. No entanto, foi preciso acompanhamento médico e psicológico. Uma investigação foi feita para saber, por exemplo, com qual dos gêneros os órgãos internos eram mais compatíveis, etc.

Entendo que estes casos sejam mais fáceis de resolver do ponto de vista ético. Uma questão mais complexa é sobre a possibilidade da criança ser educada como homem e depois vir a descobrir que seus órgãos internos são mais compatíveis com o gênero feminino. Se isso acontecer a decisão deve ser tomada pelo indivíduo com o devido acompanhamento psicológico, preferencialmente com profissionais cristão. Nesses casos, por todo o processo de adaptação, não parece haver nenhum impedimento ético que impeça tal pessoa de ser contada entre os eleitos e, pelo batismo, membro pleno da Igreja.

Mudança de sexo por necessidade psicológica. Nessa categoria estão aqueles indivíduos que se sentem “presos” dentro uma anatomia diferente da sua identidade de gênero. Ou seja, uma “mulher” que nasceu num corpo de “homem”, e vice-versa. Sem querer menosprezar o grande conflito existencial que tais pessoas atravessam, o fato é que tais alegações não possuem qualquer comprovação cientifica. De fato, estamos lidando simplesmente com um grau mais complexo de impulso homossexual.

Ainda que não exista nada de errado com o sexo em si, também é fato que a Bíblica coloca o desfrute sexual dentro de certos parâmetros bem delineados. Desde a Criação e, sem qualquer mudança posterior, toda a Bíblia aponta o ato sexual como aprovado por Deus enquanto na relação homem e mulher, unidos pelo Matrimônio. Ainda que a Bíblia mencione formas “alternativas” de satisfação sexual (bestialismo e homossexualismo, por exemplo), tais formas são apontadas como atos ofensivos a Deus.

Mas, se a pessoa já passou por tal cirurgia pode ela ainda ser salva? Pode ser contada entre os eleitos de Deus?

Um ponto que achamos valioso observar é a diferença entre impulso homossexual e o ato homossexual. A Bíblia condena o ato homossexual independentemente do impulso. Quer dizer, a partir do momento que a pessoa pratica o ato homossexual ele se torna condenável aos olhos de Deus, mesmo que não tenha o impulso homossexual. O ato homossexual e o impulso homossexual são coisas relacionadas, porém, distinguíveis.

Desse modo, ser homossexual – no sentido de impulso, atração pelo mesmo sexo – não é algo que automaticamente condena uma pessoa. Todo ser humano precisa lidar com seus próprios impulsos: mentira, gula, ira, preguiça, alcoolismo, adultério, e assim por diante. Tais impulsos pecaminosos apenas constatam uma verdade do Evangelho: o homem é completamente depravado espiritualmente (Efésios 2.1-3; Romanos 3:9b-12). Todavia, a Graça de Deus na vida dos salvos os capacita a não mais serem escravos de tais impulsos pecaminosos (Filipenses 2:13).  Essa triste realidade sobre nós deveria fazer todo cristão humilhar-se perante Deus, pois se há algum bem em nós foi Deus quem nos capacitou a “querer e efetuar”.

Enquanto o homossexual não consegue livrar-se de tal impulso, ou ainda que não venha conseguir, é apenas no ato homossexual que sua relação com o Corpo de Cristo é quebrada. Assim, havendo de sua parte o compromisso de viver castamente (celibato), mesmo uma cirurgia de mudança de sexo não pode impedi-lo de ser salvo. Ser salvo não implica em se ver livre, num passe de mágica, dos nossos impulsos pecaminosos, mas sim, em graça suficiente para vencer nossa carne a fim de cumprir a Lei do Senhor.

Uma pessoa que se submeteu a uma operação de mudança de sexo e tem um encontro com Cristo não precisa se desesperar: o mesmo Deus que a chama, também a capacitará a viver uma nova vida. “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade!” (Efésios 4. 22-24).

Fonte: www.olharreformado.com (Marcelo Lemos Gonçalves é Bacharel em Teologia, pastor,apaixonado por pregação, liturgia, anglicanismo e escola dominical. Casado, com Meirelene Gonçalves,  é pai de dois filhos, Yago e Yuri; e nas horas nada vagas, atua como blogueiro. De vez em quando, acha que sabe fritar pastéis, fazer churrasco e escrever artigos.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário