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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Entendendo a graça.

por Natan Rufino (Integrante da Coord. Doutrinária MVV)

     Olá gente,

     Muitas pessoas estão me mandando mensagens, emails, falando comigo no msn, etc. pedindo-me ajuda para entender direito o que é isso que tem sido pregado por alguns sobre “a graça de Deus”.
     Alguns pregadores tem falado sobre o que pensam ser a graça bíblica e, infelizmente, tem trazido muitas confusões no Corpo de Cristo; não só por causa dos argumentos sem fundamentos bíblicos, mas também por causa das consequências nas vidas das pessoas que receberam a mensagem sem observar nas Escrituras se as coisas eram de fato assim. 
     Depois de tantas perguntas e questionamentos, resolvi ajudar meus amigos postando pelo menos três textos sobre o assunto, para que isso possa, no mínimo, orientar os mais sensatos e interessados na verdade das Escrituras, livrando os irmãos dos modismos e do “evangeliquês” barato que, de “tão bom”, desvia tanta gente do Evangelho.

AQUI VAI O PRIMEIRO TEXTO:

Um Evangelho de Irresponsabilidade?
Autor: Tony Cooke (Traduzido do site: tonycooke.org)

     Nas viagens que tenho feito, tenho ouvido mais e mais um pensamento que está circulando hoje em dia no Corpo de Cristo com respeito a uma suposta “compreensão” da graça, que parece estar facilitando e promovendo um senso de irresponsabilidade nas pessoas. Algumas das aplicações dessa ideia incluem: “Porque eu sou salvo pela graça, realmente não importa se eu peco ou não, porque Jesus já cuidou de todos os meus pecados – eles já estão cobertos pela graça”; “Eu não estou debaixo da lei, então não preciso dar o dízimo. Eu dou o que eu quiser”; “Realmente não importa se eu vou ou não para a igreja, se sou ou não membro de uma igreja local, o que importa é se eu sou parte do Corpo de Cristo”.
     Antes de tratar sobre esse assunto, creio que é importante reconhecer que talvez alguns tenham estado debaixo de percepções equivocadas sobre Deus no passado. Talvez tenham estado debaixo de alguma forma de legalismo – um tipo de escravidão que os fez pensar que eram salvos pela fé em Cristo MAIS o fato de nunca cometerem um erro, ou, pela fé em Cristo MAIS o fato de entregar o dízimo, ou, pela fé em Cristo MAIS o fato de ir a uma igreja regularmente ou de praticar boas obras. Vivendo assim, nunca compreenderam ou usufruíram do fato de que nossa salvação e perdão não são uma questão de “fé em Cristo MAIS alguma coisa”.
     Eles nunca conheceram a natureza do dom de Deus ou o verdadeiro descanso oferecido por aquele que disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11.28-30).
     Quando pessoas assim compreendem que são “salvas pela graça mediante a fé; e que isto não vem delas, é um dom de Deus”, elas podem ficar ressentidas de qualquer pensamento que tinham anteriormente sobre Deus como um capataz… Ou ressentidas com alguém que as liderava, ou as colocava debaixo de pressão, para agirem de determinada forma a fim de que fossem aceitas por Deus. Ao tentarem se desfazer das cadeias de tal pensamento legalista, elas podem acabar na vala do outro lado da estrada, pensando que toda forma de disciplina ou obediência é uma forma de escravidão que deve ser rejeitada. Resumindo, elas jogam fora a água de banho junto com o bebê que estava nela.
     Paulo ensinava uma forte doutrina sobre a graça, mas não era uma graça que promovia irresponsabilidade ou uma vida pecaminosa. A graça, naquela época como agora, foi mal compreendida e distorcida. Em Romanos 6.1 e Romanos 6.15, Paulo pergunta: “Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” e “Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça?”. Para as duas perguntas, Paulo responde com um enfático “De modo nenhum!”.
     Paulo foi tão mal compreendido (creio que particularmente a respeito da graça), que Pedro se referiu às suas cartas da seguinte forma: “Nas cartas dele há algumas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e os fracos na fé explicam de maneira errada, como fazem também com outras partes das Escrituras Sagradas. E assim eles causam a sua própria destruição” (2 Pedro 3.16 – NTLH).
     Os gálatas estavam muito enredados no legalismo, e Paulo desejava que eles compreendessem a graça de Deus (Gálatas 2.16). Ao mesmo tempo, contudo, ele não queria que eles entrassem no outro extremo. Ele disse a este grupo de crentes confusos, “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gálatas 5.13).
A epístola de Paulo a Tito tem sido chamada de “O Livro das Boas Obras”. Nesta epístola ao jovem pastor, Paulo lembra a Tito que somente a graça de Deus é a fonte de nossa salvação: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tito 3.4-7).
     Este mesmo livro, que torna tão claro que as obras não são a causa da nossa salvação, também deixa profundamente claro que as obras (boas obras) são a consequência mais natural da nossa salvação:
Tito 2.7 – “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras…” 
Tito 2.14 – “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos
de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. 
Tito 3.8 – “…Para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens”. 
Tito 3.14 – “Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos”.
     Será que Paulo – o homem que falou sobre graça mais do que qualquer outro em todo o Novo Testamento – estava dizendo a Tito para colocar os crentes debaixo de algum tipo de escravidão legalista? Absolutamente não! Paulo compreendia que a graça, ao transmitir o dom da vida eterna ao crente com base na obra redentora de Cristo, não se tornava numa espécie de porta de entrada para a preguiça ou libertinagem para o crente, mas em vez disso, em um trampolim para uma vida de obediência. Na realidade, a graça (o poder divino em nossas vidas) provê o ímpeto para a nossa capacidade de obedecermos a Deus e é a própria base para isso.
     Paulo também disse a Tito: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente… (Tito 2.11,12). A verdadeira graça de Deus nunca será uma permissão divina para fazer aquilo que é errado. Em vez disso, é a divina capacitação para fazer aquilo que é certo!
     Como crentes, certamente nos regozijamos no evangelho, as boas novas, a declaração do fato que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Coríntios 5.19). Mas, ao que esse dom gratuito nos introduz? A uma vida de comodismo? A uma vida de irresponsabilidade? Conformidade com o mundo? A uma vida de satisfação carnal?
     Acredito que a melhor maneira para dizer o que Jesus tinha em mente seja voltando à Grande Comissão que ele nos deu. Todos nós estamos bem familiarizados com a primeira parte dessa comissão – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo…” (Mateus 28.19). Mas logo no versículo seguinte, fica claro o tipo de vida que Jesus tencionava para os que recebessem o seu dom gratuito: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Jesus não disse, “ensinando-os que eles não tem que absolutamente fazer coisa alguma porque eu já fiz tudo”. Sim, ele fez tudo no sentido de ter comprado nossa salvação para nós, mas após isso, ele nos chamou para termos vidas com propósito, responsabilidade e obediência.
     É 100% verdadeiro que as pessoas não precisam ter uma vida santa para que Deus as ame; ele nos amou quando ainda éramos pecadores. É verdade que as pessoas não precisam dar o dízimo ou ir à igreja para que Deus as ame; ele nos ama com um amor eterno a despeito do nosso desempenho de perfeição. Mas existem as boas obras e um estilo de vida, para os quais nós fomos chamados – não para obter a salvação mas para expressar a salvação.
     Quando Paulo falou com Tito sobre as boas obras, ele disse: “estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens” (Tito 3.. Nós somos responsáveis por viver corretamente para que outros possam ver a natureza e o caráter de Deus. Somos responsáveis por dar o dízimo e ofertar generosamente para que outros possam ouvir o evangelho. Somos responsáveis por estar seriamente envolvidos em uma igreja local. para que tenhamos um lugar onde servir e ajudar os outros (tanto quanto para crescermos como indivíduos). É absolutamente verdadeiro que é a graça que nos salva e nos mantém, mas esta graça nunca nos levará a conduzir vidas a irresponsabilidade e comodismo.
     Faríamos bem em lembrar as palavras de Dietrich Bonhoffer, um teólogo protestante e ativista anti-nazismo, que disse: “graça barata é aquela que prega o perdão sem requerer o arrependimento, batismo sem disciplina cristã, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. Graça barata é uma graça sem discipulado, uma graça sem a cruz, uma graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado”.
     Que você tenha sabedoria tanto para receber quanto para expressar este indescritível dom de Deus!

     Em próximos posts, divulgarei os outros dois textos.

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