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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

3º Domingo do Tempo Comum.

Ministério Igreja Sem Fronteiras

Departamento de Unidade Cristã


Caros Irmãos,
Assim como estamos realizando a leitura do Novo Testamento (veja roteiro em posts passados), a Igreja Católica também segue em suas liturgias dominicais uma ordem dos acontecimentos do ministério do Senhor Jesus aqui na Terra.
Por isso, colocamos abaixo a liturgia do “3º Domingo do Tempo Comum”, ocorrido em 23 de janeiro de 2011, com comentários da Ordem dos Franciscanos.
Tenha uma boa leitura e medite nessa Palavra, em oração, pois o Espírito Santo quer revelar algo para você.

PRIMEIRA LEITURA (Is 8, 23b-9,3) – Corresponde a Isaías 9.1b, 2, 3 e 4
Leitura do Livro do Profeta Isaías.

23No tempo passado o Senhor humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali; mas recentemente cobriu de glória o caminho do mar, do além-Jordão e da Galiléia das nações.
9O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu.
2Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos.
3Pois o jugo que oprimia o povo, – a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais – tu os abateste como na jornada de Madiã.

SALMO RESPONSORIAL 26(27)  - Corresponde a Salmos 27.1, 4a, 13 e 14a

O Senhor é minha luz e salvação. * O senhor é a proteção da minha vida.
1. O Senhor é minha luz e salvação; * de quem eu terei medo? * O Senhor é a proteção da minha vida; * perante quem eu temerei?
2. Ao Senhor eu peço apenas uma coisa * e é isto que eu desejo: * habitar no santuário do Senhor * por toda a minha vida.
3. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver * na terra dos viventes. * Espera no Senhor e tem coragem, * espera no Senhor.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,10-13.17)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.

10Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar.
11Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que está havendo contendas entre vós.
12Digo isto, porque cada um de vós afirma: “Eu sou de Paulo”; ou: “Eu sou de Apolo”; ou: “Eu sou de Cefas”; ou: “Eu sou de Cristo!”
13Será que Cristo está dividido? Acaso Paulo é que foi crucificado por amor de vós? Ou é no nome de Paulo que fostes batizados?
17De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar a boa nova da salvação, sem me valer dos recursos da oratória, para não privar a cruz de Cristo da sua força própria.
- Palavra do Senhor.

EVANGELHO (Mt 4,12-23)

12Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galiléia.
13Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galiléia,
14no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías:
15“Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galiléia dos pagãos!
16O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”.
17Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”.
18Quando Jesus andava à beira do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores.
19Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”.
20Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram.
21Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, Filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou.
22Eles, imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram.
23Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo.

A Luz do Evangelho

O evangelho de Mateus é o evangelho do cumprimento das Escrituras, como já notamos várias vezes. Toda a “história de Jesus” é narrada como realização daquilo que, no Antigo Testamento, parecia anúncio ou prefiguração do definitivo agir salvífico de Deus. Quando Jesus se muda de Nazaré para Cafarnaum, Mateus vê aí a realização última e definitiva daquilo que já acontecera uma vez no tempo de Isaías.
Pois, naquele tempo, o nascimento de um príncipe parecia prometer tempos melhores para a população da Galiléia (Zabulon e Neftali), terrorizada pelas deportações assírias: o povo que ficara nas trevas veria uma nova luz, Para Mateus, a mudança de Jesus para aquela região realiza plenamente o plano de Deus. É o que nos mostram a 1ª leitura e o evangelho de hoje. Nessa realização, soa o clamor messiânico: “Convertei-vos, o Reino de Deus chegou!”
Na efervescência desta nova consciência, pescadores são transformados em pescadores de homens. Dando seqüência à palavra de Jesus, abandonam suas redes e suas famílias e se engajam com ele para fazer acontecer o Reino de Deus. Jesus inicia suas pregações nos arredores, sua mensagem é confirmada pelos prodígios que realiza, prodígios que falam da comiseração de Deus para com seu povo oprimido. Como canta o salmo responsorial, Deus se revela como luz e salvação para os seus; o povo pode animar-se e pôr nele toda a confiança.
Com isto, desenhamos o espírito fundamental deste domingo: um novo ânimo apodera-se do povo no qual Jesus inicia sua pregação. Ao largarem tudo, os pescadores do lago de Genesaré representam a transformação que a pregação da proximidade do Reino causou.
A liturgia nos toma contemporâneos desses primeiros que ouviram a pregação e seguiram o apelo. A pregação de Jesus não perdeu nada de sua atualidade. Nisto consiste a “plenitude” daquilo que Cristo veio fazer: o que aconteceu “uma vez” é também “para sempre”. Sua pregação tornou-se, de algum modo, um eterno presente.
Também hoje devemos ouvir a voz que nos diz que Deus veio até nós, para que nós voltemos a ele. Pois a nossa existência e a nossa história, por si mesmas, sempre se degradam. O Reino de Deus nunca é definitivamente conquistado, pelo menos não enquanto dura a história humana.
É uma realidade que deve aproximar-se sempre de novo; e nós, portanto, devemos converter-nos, voltar-nos para ele sempre de novo, como indivíduos, como sociedade, como Igreja, como cultura.
Evangelização é isso aí: o evangelho, o clamor de Cristo na terra de Zabulon e Neftali, ressoa sempre de novo nossa vida adentro.
Já no começo da Igreja, Paulo sentiu que o evangelho não foi um mero grito passageiro lá na margem do lago de Genesaré, mas um chamado sempre novo à conversão. Aos seus cristãos de Corinto, que generosamente aceitaram a fé, ele deve lembrar, depois de algum tempo, o evangelho, que, diferente das considerações humanas, não permite a divisão, mas une a todos no nome do Cristo, no qual são batizados. O evangelho não é de belas palavras, mas da cruz de Cristo.
“Evangelho” significa “boa-nova”. É uma luz para os que estão nas trevas. Os prodígios que acompanham a pregação de Jesus revelam o luminoso amor de Deus para seu povo. O que nós anunciamos como mensagem de Deus tem estas características? Alivia o povo oprimido, anima os desanimados?

Evangelizar com palavras e ações

Para ver melhor, vamos recuar um pouco... Sete séculos antes de Cristo, duas tribos de Israel – Zabulon e Neftali – foram deportadas para a Assíria, e povos pagãos tomaram seu lugar. A região ficou conhecida como “Galiléia dos pagãos”. Naquele mesmo tempo, o profeta Isaías anunciou que o novo rei de Judá poderia ser uma luz para as populações oprimidas (1ª leitura). Sete séculos depois, Jesus começa sua atividade exatamente naquela região, a Galiléia dos pagãos. Realiza-se, de modo bem mais pleno, o que Isaías anunciara. É o que nos ensina o evangelho de hoje.
Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus. Mas não o faz sozinho. Do meio do povo, chama os seus colaboradores. Dos pescadores do Lago da Galiléia ele faz “pescadores de homens”. Eles deixam seus afazeres, para se dedicarem à missão de Jesus: anunciar a boa-nova, a libertação de seu povo oprimido.
Esse anúncio não acontece somente por palavras, mas também por ações. Jesus e os discípulos curam enfermos, expulsam demônios... Anunciar o reino implica aliviar o sofrimento, pois é a realização do plano de amor de Deus.
Nosso povo anda muito oprimido pelas doenças físicas, mas sobretudo pelas doenças da sociedade: a exploração, o empobrecimento dos trabalhadores etc. Deus é sua última esperança. O povo entenderá o que Jesus pregou (justiça, amor etc.) como boa-nova à medida que se; realize algum sinal disso em sua vida (alívio de sofrimento pessoal e social). Um desafio para nós.
Jesus chama seus colaboradores do meio do povo. Ora, na Igreja, como tradicionalmente a conhecemos, os anunciadores tornaram-se um grupo separado, um clero, uma casta, enquanto Jesus se dirigiu a simples pescadores que trabalhavam ali na beira do lago. Ensinou-lhes uma outra maneira de pescar: pescar gente.
Onde estão hoje os pescadores de homens, agricultores de fiéis, operários do Reino – chamados do meio do povo? Por que só os intelectuais podem ser chamados, para, munidos de prolongados estudos, ocuparem “cargos”eclesiásticos, à distância do povo?
Não é ruim estudar; oxalá os pescadores e operários também pudessem fazer. Mas importa observar que a evangelização, o anúncio do Reino, puxar gente para a comunidade de Jesus, não é tarefa reservada a gente com diploma. E a Igreja como um todo deve voltar a uma simplicidade que possibilite que pessoas do povo levem o anúncio aos seus irmãos e assumam a responsabilidade que isso implica.

Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

Fonte: http://www.franciscanos.org.br

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