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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Gastos com saúde privada levam 11 milhões de africanos por ano de volta à pobreza.

Despesas privadas com saúde mais do duplicaram de 1995 para 2014, ano em que apenas quatro países africanos destinaram 15% do orçamento estatal para serviços médicos. Proporção era meta acordada regionalmente. Banco Mundial e parceiros vão investir 24 bilhões na África pelos próximos cinco anos para impulsionar cobertura universal do atendimento.

Lorenzo tem três anos e vive com HIV em Maláui, na África Ocidental. Foto: UNICEF / Schermbrucker
Lorenzo tem três anos e vive com HIV em Maláui, na África Ocidental. Foto: UNICEF/Schermbrucker

     Por ano, cerca de 11 milhões de africanos retornam a situações de pobreza devido a despesas de saúde elevadas que são pagas com recursos dos próprios indivíduos. O alerta é do Banco Mundial, que se comprometeu na última sexta-feira (26) a investir 24 bilhões na África pelos próximos cinco anos.
     O montante será disponibilizado por uma parceria com o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária e outros organismos para ajudar o continente a alcançar a cobertura universal de saúde.
     O anúncio da verba veio acompanhado da publicação de um levantamento sobre os desafios que Estados da África terão de enfrentar para promover o bem-estar de todos os seus cidadãos.
     Dados coletados pelo governo do Japão, Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo Global revelam que a despesa total do continente africano com cuidados médios aumentou rapidamente ao longo das duas últimas décadas.
     No entanto, o crescimento foi fruto sobretudo dos chamados pagamentos internos - gastos das próprias famílias com serviços de saúde -, que passaram de 15 dólares per capita em 1995 para 38 dólares em 2014. A conjuntura tem levado africanos a passar por dificuldades econômicas severas.

Jovem vivendo com HIV recebe tratamento antirretroviral na Costa do Marfim. Foto: UNICEF / Olivier Asselin
     Jovem vivendo com HIV recebe tratamento antirretroviral na Costa do Marfim. Foto: UNICEF/Olivier

     Em contrapartida, gastos públicos com saúde baixaram pela metade nos países da África. Em 2014, apenas quatro nações cumpriram a meta de Abuja - destinar 15% do orçamento estatal para serviços de saúde. A falta de investimento reflete na escassez de profissionais e produtos farmacêuticos.
     Outro componente do orçamento para saúde, a assistência internacional para o desenvolvimento teve aproximadamente metade dos seus recursos destinada ao combate ao HIV/Aids nos últimos 20 anos. Apesar de fundamental, a luta contra a epidemia não exclui a necessidade de lidar com outros riscos à saúde, como insegurança alimentar e mortalidade infantil causada por doenças como a malária.
     "Os países africanos podem tornar-se competitivos na economia global, fazendo diversos investimentos estratégicos, incluindo investir mais nas suas populações, o seu recurso mais valioso", afirmou o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim, durante conferência em Tóquio, onde foi firmado o compromisso da agência para ampliar iniciativas de saúde na África.
     
Áreas Prioritárias

     Cerca de 15 bilhões serão liberados pelo órgão financeiro para áreas como nutrição, desenvolvimento na primeira infância e preparação para pandemias. Entre as áreas prioritárias, estão a prevenção e respostas a crises, bem como o fortalecimento do setor privado.
     Já o Fundo Global vai injetar 6 bilhões no tratamento e prevenção de HIV, tuberculose e malária, além de 3 bilhões em recursos para contratação de pessoal, sistemas de abastecimento e pesquisas estatísticas de saúde.
     "Em 2014, os países africanos gastaram cerca de 126 bilhões de dólares vindos de recursos domésticos com saúde; a OMS estima que uma quantidade adicional de 65 a 115 bilhões, em financiamentos internos pode ser mobilizada anualmente pelos próximos dez anos", disse a chefe da agência de saúde, Margaret Chan, também presente no evento.

Fonte: https://nacoesunidas.org

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